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26 April 2024
Foto: Reprodução / Internet

Exame de sangue pode indicar melhor tratamento para a depressão

De acordo com um novo estudo, um exame de sangue pode ajudar os médicos a na indicação do melhor tratamentos contra depressão

Um simples exame de sangue pode ajudar a identificar quais medicamentos seriam mais efetivos para o tratamento de um paciente com depressão. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico International Journal of Neuropsychopharmacology, a análise busca identificar o nível de inflamação nos pacientes, o que, por sua vez, poderia “prever” quais responderiam melhor ao tratamento de primeira linha e quais precisam de remédios mais potentes.

De acordo com informações da rede americana CNN, estudos recentes mostraram uma associação entre altos níveis de inflamação em pacientes com depressão e baixo sucesso nas taxas do tratamento de primeira linha, feito com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).

Atualmente o tratamento padrão para depressão é um “jogo” de tentativa e erro. O médico prescreve um medicamento que deve ser tomado por até 12 semanas e, enquanto isso, vai monitorando a melhora do paciente. Se há pouca ou nenhuma resposta, o remédio é trocado ou então associado a outro, até que se encontre uma terapia efetiva. Portanto, identificar precocemente o nível de inflamação do paciente pode já indicar se ele precisará iniciar o tratamento com medicamentos mais fortes.

“Se os pacientes não melhoram, eles simplesmente vão trocando os medicamentos na esperança de que algum funcione. Esse exame pode reduzir este tempo de resposta das pessoas ao indicar um remédio que provavelmente será mais efetivo”, disse Carmine Pariante, professora de psiquiatria biológica na Kings College London, criadora do teste e principal autora do estudo.

Para analisar a efetividade do exame, Carmine e sua equipe realizaram o teste. Buscou-se no sangue de 140 participantes com depressão os níveis dos marcadores biológicos MIF e (IL)-1 β. Os resultados mostraram que um terço (33%) dos pacientes tinham altos níveis desses marcadores e, portanto, alto nível de inflamação. Os mesmos pacientes não responderam à primeira linha de medicamentos prescrita.

O teste mostrou também que os participantes com menores níveis de inflamação foram os que melhor responderam ao tratamento padrão, o que ressalta a tese dos pesquisadores.  “Nós determinamos com 100% de precisão quais pacientes não respondem a esses medicamentos de primeira linha. Esse um terço precisa de uma intervenção mais complexa”, disse Carmine.

A associação entre inflamação e a gravidade da depressão já é conhecida há algum tempo. Acredita-se que a inflamação afete os mecanismos alvo dos antidepressivos, interferindo no sucesso destes medicamentos e aumentando a produção de compostos tóxicos no cérebro que, por sua vez, podem piorar os sintomas depressivos. Portanto, encontrar maneiras de testar os pacientes para essa inflamação é uma forma de melhorar a indicação de tratamento para os pacientes.

Apesar dos resultados, os autores ressaltam que antes de tornar esse exame padrão, é preciso realizar mais pesquisas em uma amostra maior de pacientes.

Por Giulia Vidale / Veja