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20 April 2024

Mãe que jogou filha da janela era orgulho da família

De infância simples no extremo zona sul da capital paulista, filha de jardineiro e esteticista, Fernanda Fernandes, 29, sempre chamou atenção pela inteligência.

 

Nos últimos anos, Fernanda se equilibrava entre os estudos e a filha, Teodora, nascida em 2015, após vários anos de relacionamento com seu único namorado, o professor de música Evandro Barbosa.

O casal morava num sobrado construído sobre a casa da mãe de Fernandinha, como é conhecida. Eles se davam bem e se mostravam apegados à menina, conta a vizinha de frente, amiga da família há 30 anos, Zina Dantas, 57.

Em 12 de fevereiro deste ano, no entanto, Fernanda registrou um boletim de ocorrência de violência doméstica e ameaça contra Evandro.

Segundo o documento policial, ela afirma que o músico não aceitava o fim da relação, ocorrido em novembro de 2018.

“Declara [Fernanda] que o autor [seu ex-companheiro] é violento e que diante da situação está se sentindo muito intimidada”, diz trecho do relato feito à polícia então.

Após a separação, ele se mudou para o País de Gales, segundo seu perfil no Facebook. Ela foi morar na zona oeste da cidade, a poucos quilômetros da universidade.

Cerca de um mês atrás, Fernanda teve o que foi descrito como um surto numa visita à casa da mãe. Às 7h, balançava a filha no colo na varanda do sobrado e gritava “Jesus!” e frases desconexas.

Zina prenunciou uma tragédia ao ver a mulher, alterada e vermelha, não atender aos pedidos da família para largar a criança.

Segundo a vizinha, depois desse episódio, além do tratamento psicológico que já fazia, Fernanda ficou uns dias internada.

Na quarta-feira (22), esteve de novo no bairro. Vestia um blusão do avesso e andava de um lado para o outro sem parar. Perguntou para a vizinha, que é educadora, o que fazer com a filha, que não estaria se adaptando à nova escolinha.

“Como ela teve coragem de jogar a menina e se jogar?”, se pergunta Zina, ainda em choque com a notícia.

Ela conta que Fernanda não usa drogas, não é religiosa, nem agressiva –só gosta de “um cigarro e de uma cervejinha”. “Puxou do pai”, diz Zina. O pai de Fernanda morreu há cerca de dez anos, vítima de câncer. Era alcoólatra e por vezes, sempre segundo a vizinha, surtava em casa.

“Ela é uma ótima mãe. Isso foi problema de cabeça. Ninguém podia imaginar”, diz a educadora sobre Fernanda, que foi indiciada por incêndio e homicídio tentado –o delegado responsável considerou que o crime só não foi consumado por vontades alheias à da autora; no caso, a coincidente passagem do carro, que amorteceu a queda.

Da FOLHAPRESS