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14 November 2024

Ambulantes do Pelourinho terão que usar crachá e colete

A expectativa é de que o trabalho de ordenamento seja concluído em 120 dias

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Ambulante no Terreiro de Jesus. Com implantação do projeto, comerciantes terão que usar crachá e colete (Foto: Mauro Akin Nassor)

A abordagem incisiva e a falta de padronização dos ambulantes que trabalham no Pelourinho estão com os dias contados. Em breve, os ambulantes e todos os trabalhadores que trabalham nas ruas do Pelô terão que usar crachá e colete, à exceção das baianas de acarajé não terão que usá-los. O ciclo de reuniões do projeto de requalificação do cartão-postal de Salvador começou, ontem, com a proposta de renovar a situação do bairro a partir do diálogo com os trabalhadores.

Serão três frentes de trabalho: recadastramento dos trabalhadores, a fundação de um grupo gestor para fazer fiscalização e, ainda, uma capacitação que incluirá aulas básicas de inglês e atendimento. A expectativa é de que o trabalho de ordenamento seja concluído em 120 dias.

O ordenamento do Pelourinho é coordenado pela Secretaria de Ordem Pública (Semop). Segundo a titular da pasta, Rosemma Maluf, os encontros com os trabalhadores são para definir as ações em conjunto. “Não queremos que seja uma determinação de cima para baixo. Na próxima semana, vamos nos reunir para definir as ações, mas a principal delas é o recadastramento”, informou a secretária. Atualmente, a Semop tem cerca de 200 ambulantes cadastrados para trabalhar na área.

Equipe

Ontem pela manhã, na primeira reunião para tratar do assunto, foi montada uma equipe de gestão do projeto, que conta com representantes de diversos setores: baianas de acarajé e receptivo, artesãos, trançadeiras, monitores, vendedores de isopor, barraqueiros e artistas plásticos.

Segundo Rosemma, os encontros vão contribuir para traçar um perfil do trabalhador do Pelourinho. Representantes de órgãos públicos e empresários também fazem parte da comissão. “A partir disso, vamos ver quais as demandas, identificar conflitos, relocar caso seja necessário, mas os ambulantes vão continuar trabalhando”, explicou. Os trabalhadores vão receber crachás e coletes e equipamentos padronizados para poder trabalhar.

Opiniões

A organização agrada a ambulante Maria Emília da Silva, 32, que trabalha há três anos na Praça da Sé, sem licença para trabalhar. “Eu acho que precisa padronizar tudo, sim, deixar tudo bonitinho, de uma cor só, e também precisamos muito da licença para poder trabalhar aqui. Quando dá 17h, o rapa chega e a gente tem que sair”, contou.

A ambulante Maria Sebastiana, 37, espera ter mais tranquilidade depois do ordenamento. “Quando a gente chega aqui, tem alguém no lugar da gente, aí vira uma bagunça. Se tiver cada um o seu ponto vai ficar mais fácil”, diz a ambulante.

O casal catarinense Mariele Frasson, 32, e Vanderlei Fiori, 33, chegou, ontem, a Salvador e se incomodou com o tratamento das baianas de receptivo. “Elas disseram que aceitavam um trocado pela foto, depois, disseram que era R$ 20. Foi algo constrangedor”, contou Mariele.

Os monitores e guias que trabalham na área também reclamam da abordagem de alguns vendedores. “A gente não consegue trabalhar direito porque chegam as pessoas em cima dos turistas, que acabam se afastando daqui,  porque ficam com medo”, contou o monitor de turismo Alexandre Alves de Santana, 43, que há 23 anos trabalha no bairro.

Treinamento

O tipo de abordagem aos turistas também será foco da requalificação. “Esperamos que até o final do ano, eles estejam preparados”, disse a secretária Rosemma Maluf.

A capacitação dos trabalhadores será feita pelo Sebrae e Senac, nos mesmos moldes do programa Território Empreendedor, voltado para os ambulantes da Avenida Sete de Setembro. O programa também tentará sensibilizar os comerciantes informais para que regularizem sua situação e se tornem microempreendedores individuais (MEIs).

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Baianas também passarão por treinamento e aulas básicas de inglês (Foto: Mauro Akin Nassor)

Ações culturais e reforço na iluminação também estão sendo planejadosOutras ações devem ser implementadas pela prefeitura no projeto de requalificação do Pelourinho, segundo a secretária de Ordem Pública (Semop), Rosemma Maluf.

“Precisamos resgatar o Pelourinho e isso é um trabalho de todos. Vamos ter ações culturais, retomar trabalhos sociais, tudo isso está dentro do projeto que deve ser divulgado em breve pela prefeitura”, disse a secretária.

Também estão previstas ações na área de mobilidade. Da Semop, além do ordenamento, está prevista a instalação de 50 refletores em áreas onde a iluminação é deficiente. “O Pelourinho tem iluminação cênica, que dá o aspecto de breu, e essa iluminação não nos dá sensação de segurança. Todas as luminárias estão funcionando, mas vamos instalar os refletores para reforçar”, explicou.

Os trabalhadores defendem movimentos artísticos para garantir a presença de turistas. “Acho também que poderia ter uma feira de artes permanente”, sugeriu o artesão Cláudio Souza.

Por: Amanda Palma ([email protected])