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13 November 2024

Após novo contrato, ações da Petrobras caem 8% na semana

Dilma e o conselho da estatal defenderam o acerto para explorar o pré-sal.

Bovespa caiu 2,71% após notícias sobre baixo desempenho da economia.

 

 

 
 

As ações da Petrobras caíram 8% nesta semana com a decisão do governo decobrar R$ 2 bilhões da empresa neste ano para explorar o volume excedente de óleo no pré-sal. A contratação foi feita sem licitação. Com volume reduzido de negócios, a Bovespa caiu 2,71% na semana.

A ação da Petrobras PN terminou esta sexta-feira (27) em baixa de 1,98%, cotada a R$ 17,29, enquanto o papel ON perdeu 3,33%, para R$ 16,23. Entre as casas que revisaram para baixo suas recomendações para as ações da estatal estão Morgan Stanley, UBS, Bradesco. O Ibovespa caiu 0,65% no dia, para 53.157 pontos.

Por conta do gasto extra no pré-sal, os investidores preveem dificuldades no caixa da estatal, que já está endividada, e especulam que ela terá de fazer nova capitalização (oferta de ações) em 2015. Para explorar as novas áreas, a Petrobras terá que desembolsar R$ 15 bilhões até 2018, sendo R$ 2 bilhões já em 2014. A União vai receber o dinheiro antes da produção do óleo, prevista para começar em 2020.

"Mais uma vez a Petrobras é usada politicamente, para ajudar o governo a cumprir sua meta de superávit", disse a gestora da Coinvalores, Tatiane Pereira, ao Valor Online. O superávit primário é uma espécie de poupança do governo feita para pagar os juros da dívida. "Acontece que a empresa não vai conseguir fechar a conta de necessidade de investimentos frente ao seu fluxo de  caixa", avaliou a gestora.

Os números mais fracos da arrecadação federal e o déficit primário de R$ 10,5 bilhões(quando as despesas são maiores que a receita) do governo central em maio também desanimaram o mercado. O déficit é o pior resultado para o mês desde 1997.

O setor bancário foi outro a ter perdas na Bovespa depois da divulgação da nota de crédito do Banco Central, que voltou a mostrar ritmo fraco de expansão dos financiamentos.

Defesa do contrato

Em discurso na convenção do PCdoB, nesta sexta-feira (27), a presidente Dilma Rousseff defendeu a contratação direta da Petrobras. Segundo ela, a exploração das novas áreas trará uma riqueza "quase sem precedentes" para o país. "Demos um passo adiante na soberania do negócio de petróleo que anunciamos esta semana. O que fizemos [cessão à Petrobras] é legal, está na Lei de Partilha", disse. “Com esses campos, capazes de produzir de 10 a 14 bilhões de barris de petróleo, a Petrobras passa a ter acesso ao maior volume de petróleo tornado acessível no mundo a uma empresa."

A Petrobras afirmou nesta sexta-feira que seu Conselho de Administração autorizou, em fevereiro, a diretoria a buscar novas reservas de petróleo. “Na reunião do Conselho de Administração de fevereiro houve a aprovação para que a empresa buscasse novas fontes para explorar petróleo e gás no país, no plano estratégico até 2030. Essa ação foi global, foi aprovada pelo Conselho de Administração”, disse a ministra do Planejamento e conselheira da estatal, Miriam Belchior, ao ser questionada sobre o assunto durante a apresentação do 10º balanço do PAC 2, em Brasília.

A declaração da ministra foi dada após o conselheiro Silvio Sinedino, que representa os funcionários no Conselho da empresa, ter afirmado na véspera que considerava recorrer à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por não ter sido informado sobre um acordo da Petrobras com a União para produção de petróleo excedente em quatro áreas do pré-sal.

A Petrobras estima uma economia de custos com descoberta de US$ 18 bilhões entre 2015 e 2021 pela contratação direta. Em reunião com analistas de instituições financeiras nesta sexta, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que a estatal prevê que seriam necessários investimentos de cerca de US$ 26 bilhões para adquirir áreas, descobrir e delimitar potencial do óleo excedente. Segundo a Reuters, a apresentação foi encaminhada à CVM.

Como foi o contrato

No começo desta semana, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) escolheu a Petrobras para extrair um volume excedente estimado de 9,8 bilhões a 15,2 bilhões de barris de petróleo na cessão onerosa (em que se paga pelo direito de explorar).

Os quatro campos de petróleo do pré-sal cedidos à petroleira são Búzios (antigo campo de Franco), Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi. Desde 2010 a Petrobras já tinha autorização para retirar óleo dessas áreas. No entanto, esse acerto permite a produção de apenas 5 bilhões de barris.

Estudos feitos nos últimos anos apontam que a capacidade de produção desses campos é bem superior, de 10 a 14 bilhões de barris a mais. É para extrair esse volume extra que o governo anunciou na última terça (24) a contratação direta da Petrobras.

A transação será feita sob um regime diferente, chamado de partilha, em que o lucro da produção é partilhado entre as empresas produtoras e a União. O regime é o mesmo do leilão do campo de Libra, no ano passado. A União vai receber R$ 2 bilhões pelo bônus de assinatura do contrato com a Petrobras, que deve ocorrer ainda em 2014. Além disso, o governo pode optar por antecipar, entre 2015 e 2018, cerca de R$ 13 bilhões dos valores em óleo a que tem direito.

A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, defendeu o acordo. "É uma oportunidade excelente, com baixíssimo risco, e conosco podendo compartilhar a nossa própria tecnologia com nós mesmos", disse na última terça (24).