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28 March 2024
Foto: Reprodução

Após ser citado em delação premiada, ministro do Turismo pede demissão do cargo

A Presidência da República informou nesta quinta-feira que o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pediu demissão do cargo. Alvo da Operação Lava Jato, ele foi citado na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como beneficiário do esquema de corrupção da Petrobras. É o terceiro ministro de Temer a cair em pouco mais de um mês.

A assessoria de Temer divulgou a demissão durante uma cerimônia do presidente com o ministro da Educação, Mendonça Filho.

Alves tomou a atitude que era esperada por Temer por parte dos ministros investigados, segundo auxiliares do presidente interino. Ele entregou pessoalmente uma carta de demissão a Temer. No texto, justifica que “não quer constrangimentos ou qualquer dificuldade para o governo”.

No início de junho, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, já havia dito, em entrevistas, que o envolvimento de Alves no esquema de corrupção na Petrobras “constrangia o governo”. Na ocasião, ele disse que Temer deixou claro aos seus ministros que não se furtaria em demitir quem fosse emparedado nas investigações.

Alves já era titular da pasta do Turismo na gestão Dilma Rousseff e foi mantido por Temer no posto mesmo ante as suspeitas de que recebeu dinheiro do petrolão – o que ele nega.

Antes dele, também deixaram o ministério Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência) após serem gravados em conversas sobre a Operação Lava Jato por Sérgio Machado.

Lava Jato – Em dezembro, o apartamento de Henrique Eduardo Alves em Natal (RN) havia sido alvo de buscas pela Polícia Federal, por ordem do Supremo Tribunal Federal. À época, ele também ocupava o cargo de ministro do Turismo, no governo de Dilma Rousseff, e se disse surpreso com a determinação do Supremo.

Agora, com a demissão, Alves vai perder o foro privilegiado e seu processo pode ser enviado à 13º Vara Federal de Curitiba (PR), onde o juiz Sérgio Moro centraliza as ações da Lava Jato. Ex-presidente da Câmara dos Deputados, ele perdeu as eleições para o governo do Rio Grande do Norte em 2014 e ficou sem mandato.

No depoimento, Machado relata que Alves recebeu 1,55 milhão de reais do esquema montado na Transpetro por meio de doações oficiais em 2014, 2010, 2012 e 2008. Os recursos teriam sigo pagos pelo Queiroz Galvão (1,05 milhão de reais) e pela Galvão Engenharia (500.000 reais).

No início de junho, veio à tona detalhes do pedido de inquérito contra Alves feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em reportagem do jornal Folha de S. Paulo. Segundo o ofício da PGR, Alves atuou a favor da OAS nos tribunais de Contas da União e do Rio Grande do Norte em troca de repasses da empreiteira à sua campanha para o governo do Estado, em 2014, na qual saiu derrotado.

Nesta quarta-feira, após ter sido citado na delação de Sérgio Machado, Alves usou ser perfil no Twitter para dizer que “estava à disposição da Justiça, confiante que ilações envolvendo seu nome serão prontamente esclarecidas”. Ele tomou uma postura pública muito semelhante ao pronunciamento que Temer fez nesta quinta e à nota da Presidência da República.

“Repudio com veemência a irresponsabilidade e leviandade das declarações desse senhor. Todas as doações para minhas campanhas foram oficiais, as prestações de contas foram aprovadas e estão disponíveis no TSE, conforme a lei. As minhas relações são pautadas pela ética e respeito institucional. Nunca pedi qualquer doação ilícita para empresário ou quem quer que seja. Como presidente de partido, eventuais pedidos de doações que eu tenha feito foram para as campanhas municipais, sempre obedecendo a lei”, escreveu Alves.

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