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29 April 2024

Assalto do Samu em Pirajá faz condutor repensar em trabalho de madrugada

 
A tensão entre os profissionais que trabalham com veículos de emergência cresceu após um assalto em Pirajá na madrugada de sexta para sábado (17), às 3h. Quatro homens armados levaram os celulares do condutor e do técnico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), além do Nextel da unidade, o que foi confirmado pela Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS). Após tomarem posse dos materiais, os assaltantes jogaram a chave de veículo próximo do local e saíram.  


Segundo o condutor, Roberto Reis, os bandidos acharam que ele e seu colega eram policiais. “Fizeram a gente abaixar a roupa para ver se não estávamos armados, pediram para a gente mostrar a agenda do celular, para mostrar que não tinha registro de ligação para a polícia”, relata Roberto, que após o assalto, pegou a chave da ambulância e foi com o técnico até a 9ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pirajá), que estava fechada. “Tocamos a sirene com aqueles barulhos ensurdecedores e ninguém atendeu. O assalto foi próximo do fundo da companhia. Estou abismado com isso. As pessoas ali em volta estão em total abandono”, explica a vítima, que registou o Boletim de Ocorrência (BO) na 4ª companhia, em São Caetano, e vai pegar nesta segunda-feira (19). Mesmo com experiência no ramo, Reis se diz chocado e pessimista. 
 
“Nunca vi isso em 9 anos que estou no Samu. Já fui em lugares de muita periculosidade e até os bandidos nos protegiam, porque sabiam da importância da saúde. Eles [os assaltantes] disseram que dois dias antes entrou um carro dizendo que era uma empresa, mas era a polícia”. O condutor também diz estar preocupado não apenas com sua vida, mas com a de todos que porventura necessitem dos seus serviços. “Desse jeito não vamos mais atender de madrugada. Eles estão tirando o direito de ir e vir da população. A gente tem pai, mãe, amigos e não queremos perder ninguém, principalmente quando precisar de atendimento de emergência. Já atendemos gente que hoje está bem de saúde porque receberam atendimento rápido”, reflete. 
 
O presidente do Sindicato dos Condutores de Ambulâncias do estado da Bahia (Sindconveb-BA), Vanderson Lima, disse que em locais tidos como mais perigosos, a exemplo de São Caetano, Boa Vista, Suburbana e Fazenda Grande, as ambulâncias só entram depois das 22h acompanhadas de ajuda policial. Mas a ocorrência deste fim de semana fez Vanderson Lima questionar a entrada nas madrugadas de Pirajá, que até então não era considerado bairro perigoso. “A situação foi passada para a central, que levou outra unidade, porque a equipe [que sofreu assalto] não tinha condições psicológicas de fazer atendimento. Eles estavam aguardando uma regulação médica de uma criança”, contextualiza Vanderson Lima.