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28 April 2024
Joenice Ferreira Tavares com a filha nascida no dia 26 de setembro, diagnosticada com microcefalia/ Foto: Reprodução A Tarde

Bahia é o 6º em número de notificações de microcefalia

A Bahia é o sexto estado com maior número de casos suspeitos de microcefalia notificados no Brasil, de acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira, 30. Até o dia 28 de novembro o estado registrou 37 casos. Destes, apenas 13 já foram confirmados, segundo  a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
 
A doença é caracterizada por uma malformação cerebral, que faz com que o crânio não se desenvolva normalmente. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o padrão, que habitualmente é superior a 33 cm.
 
No último sábado, o ministério confirmou a relação do zika vírus com o surto da microcefalia no Nordeste. O risco está associado, sobretudo, aos primeiros três meses de gravidez.

No país, foram notificados 1.248 casos suspeitos da doença, identificados em 311 municípios. Pernambuco registra o maior número de ocorrências (646), sendo o primeiro a identificar aumento de casos.

Em seguida estão os estados de Paraíba (248), Rio Grande do Norte (79), Sergipe (77), Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12) Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1). Até o momento, foram notificados 7 óbitos.

Entretanto, de acordo com o pesquisador e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Manoel Sarno, a Bahia já contabiliza 59 casos suspeitos da doença.

Obstetra e ultrassonografista, Sarno é responsável pelo serviço de medicina fetal da Maternidade Climério de Oliveira e do Hospital Geral Roberto Santos, além de realizar atendimento na rede privada. O médico conta que, desde julho, vem identificando casos de microcefalia associados ao zika vírus nos dois serviços e, também, no setor privado.

“Cheguei a atender quatro casos de gestantes com histórico de zika no primeiro semestre de gravidez em apenas duas semanas, o que era muito preocupante, já que não costumamos registrar mais de cinco ou seis casos por ano”, conta.

O maior número de casos de microcefalia notificados na Bahia, nos últimos cinco anos, ocorreu em 2013, quando foram contabilizados 14 casos. No ano passado, o estado registrou sete casos. Já no Brasil, foram 147 notificações em 2014.

Sarno desenvolveu, em agosto deste ano, um projeto de pesquisa que irá acompanhar e avaliar gestantes expostas ao zika vírus durante a gestação. O trabalho está sendo realizado com um grupo de pesquisa do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes) da Ufba, do qual faz parte.

O pesquisador acredita que será possível ter informações conclusivas no final de 2016. “Até lá, devemos ter calma e orientar bem a população”, afirma.

Ações

O Ministério da Saúde reforçou a necessidade de uma mobilização nacional – envolvendo a União, estados, municípios e toda a sociedade brasileira – no combate ao mosquito Aedes aegypti, responsável pela disseminação da dengue, zika e chikungunya.

Em Salvador, a Caliper Escola de Imagem realizará, no próximo sábado, um mutirão de exames gratuitos de  ultrassonografia em 30 bebês com microcefalia para avaliar a extensão das lesões cerebrais.

Em entrevista ao A TARDE, a superintendente de vigilância e proteção da saúde da Sesab, Ita de Cácia Aguiar, informou que um grupo técnico formado por profissionais de diversas áreas foi criado na última sexta-feira com o objetivo de propor medidas para enfrentar o aumento crescente de casos de microcefalia no estado.

Ainda de acordo com a gestora, reuniões semanais estão sendo realizadas para discutir formas de controle do Aedes aegypti. Entre as propostas estão a utilização de uma tinta de parede que funcionaria como repelente, além de um aplicativo em que as pessoas poderão indicar  locais com focos do Aedes. “Estamos em fase de testes e avaliando as possibilidades, mas não há nada previsto ainda”, diz.

Grávida de 5 meses de um menino, Luciana Santos Ferreira, 30, teve zika vírus por volta da segunda semana de gestação  e ainda aguarda a realização do exame de ultrassom para saber as condições de saúde do filho. Ciente dos riscos, tenta manter a serenidade. “A doença está aí, a única coisa que nos resta é enfrentá-la. Não há outro jeito”, diz.

Já a balconista Josilene Silva dos Santos, 39, respira aliviada. Apesar de ter tido zika vírus no segundo mês de gravidez, o filho Rayan nasceu, há oito dias, saudável. “Ele já fez todos os exames e, graças a Deus, nada foi constatado”, comemora.

Com a mesma fé em Deus, Joenice Figueiredo, 22, aceitou a chegada da filha Kesia Raysa. A menina, que tem microcefalia, nasceu no dia 26 de setembro. A cabeça diminuta evidencia uma das principais características da doença. “É a vontade de Deus, temos que aceitar. Minha filha tem o principal, que é o meu amor e o da família”, diz Joenice.

Recomendações para as gestantes

1 – Manter o pré-natal em dia e realizar todos os exames recomendados

2 – Não utilizar medicamentos sem a orientação médica

3 – Evitar contato com pessoas com febre ou infecções

4 – Adotar medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água)

5 – Proteger-se de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes indicados para gestantes

6 – Se houver qualquer alteração no estado de saúde, principalmente no período até o 4º mês de gestação, ou na persistência de doença preexistente nessa fase, comunicar o fato aos profissionais de saúde

7 – Para esclarecimentos e outras informações, contatar o Cievs Bahia por meio do e-mail [email protected] e/ou dos telefones (71) 99994-1088 (24 horas), (71) 3116-0037, 3116-0018 e 08002842177

FONTE: A Tarde