Batedores de carteira agem dentro de shoppings de Salvador
Assim como nas ruas, criminosos organizados têm aproveitado segundos de distração para furtar clientes dentro dos shoppings da capital baiana. Muitos deles sequer despertam suspeitas, como gestantes, idosos e pessoas com crianças chegam a formar quadrilhas para tirar vantagem do descuido dos consumidores.
Uma dessas vítimas foi a cunhada da advogada especializada na área de direito do consumidor Vanessa Homem, que foi alvo de um furto na loja Luigi Bertolli do Salvador Shopping no último dia 5.
O crime
A vítima pediu que sua tia, uma senhora de 60 anos, segurasse a bolsa dela para que pudesse experimentar um casaco. Foi quando uma criminosa se aproximou da senhora e furtou um iPhone 5S avaliado em cerca de R$ 2.500.
Só no momento de pagar a conta, prossegue a advogada, a vítima sentiu falta do aparelho. A advogada relata que a cunhada se deparou com mais três casos semelhantes no mesmo dia enquanto registrava a ocorrência no centro de atendimento ao cliente (CAC) do shopping center.
“O que mais nos deixou impressionados é que o chefe da segurança do shopping disse que já sabia quem eram as criminosas: duas mulheres”, indignou-se a advogada, que indagou: “Como é que a administração não faz nada para impedir a entrada dessas pessoas?”.
Itaigara
Se no Salvador Shopping as criminosas apontadas pela segurança eram duas, no Shopping Itaigara quatro mulheres se passaram por clientes de uma loja para furtar a carteira da aposentada Isaura Ferreira de Sousa, de 87 anos
No interior da loja, uma mulher se aproxima e coloca na bolsa da vítima um objeto que impediu o fechamento do zíper. Logo em seguida, a criminosa pega a carteira da idosa, subtrai R$ 85 e põe a carteira de volta na bolsa.
Instantes depois, três outras comparsas da criminosa entram na loja e fingem olhar as bijuterias. Uma delas fica na fila do caixa, atrás da mulher furtada. “Quando minha mãe foi pagar a conta, deu falta do dinheiro”, conta a advogada Célia Sousa, de 58 anos, ao relatar o fato ocorrido com sua genitora no mês de março passado.
Como a loja aceitava cartão, prossegue ela, a idosa então pagou as compras no crédito, momento no qual uma das ladras observava a senha. Na saída da loja, a vítima foi cercada e teve a carteira furtada pelas supostas clientes mais uma vez. Toda a ação foi registrada pelas câmeras de segurança instaladas da loja.
“Em seguida, as ladras sacaram R$ 1 mil e foram ao Center Lapa, onde compraram mais de R$ 13 mil, parcelados, em produtos eletrônicos”, relata Sousa. “Nenhuma das lojas pediu a comprovação da identidade do portador do cartão”, espantou-se a advogada.
Perfis
Ambos os casos foram registrados na 16ª Delegacia Territorial (Pituba), chefiada pelo delegado Nilton Tormes, que alerta os consumidores para atentarem à falsa sensação de segurança no interior dos shoppings.
De acordo com o delegado, as maiores vítimas desses criminosos são as mulheres e os idosos, cujos aparelhos celulares e as carteiras são os principais alvos dos ladrões. Já o perfil dos bandidos, prossegue ele, pode incluir até idosos, gestantes e pessoas acompanhadas por crianças.
“São criminosos acima de qualquer suspeita para as vítimas em potencial, que nem desconfiam”, alertou o delegado, concluindo: “Existem quadrilhas organizadas que se passam por clientes, apenas aguardando uma oportunidade”.