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29 March 2024
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Calero diz à PF que foi pressionado por temer no caso Geddel; Temer rebate acusações

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em depoimento à Polícia Federal que o presidente da República, Michel Temer, o “enquadrou” no intuito de encontrar uma saída para a obra de interesse do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).

O empreendimento La Vue Ladeira da Barra, embargado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador, está no centro da mais recente crise envolvendo o Palácio do Planalto.

Na semana passada, Calero pediu demissão após acusar Geddel de “pressioná-lo” para o que o órgão de patrimônio vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário onde o ministro adquiriu uma unidade.

“Na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto. Nesta reunião, o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado. Então, o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, disse Calero, segundo a transcrição do depoimento enviado ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.

Temer nega pressão sobre calero e diz que foi apenas negociar a paz

A Presidência da República esclarece que o presidente Michel Temer conversou duas vezes com o então titular da Cultura para solucionar impasse na sua equipe e evitar conflitos entre ministros de Estado. O “presidente da República sempre endossou caminhos técnicos para solução de licenças em obras ou ações de governo”, declarou Parola.

O presidente, por meio do porta-voz, ainda disse que Calero sempre teve um comportamento “irreparável” enquanto no cargo. Assim, “estranha sua afirmação” de que o teria “enquadrado ou pedido solução que não fosse técnica”. Temer também se disse “surpreso” pelo que chamou de “boatos” de que Calero solicitou uma audiência extra somente para gravar a conversa sem autorização do presidente. O depoimento de Calero já foi enviado à Procuradoria Geral da República, órgão ao qual cabe avaliar se pede ou não autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o chefe da Secretaria de Governo.

Em seguida, o ex-ministro da Cultura afirmou que Temer encarava com normalidade a pressão de Geddel, articulador político do governo e há mais de duas décadas amigo do presidente da República. “No final da conversa, o presidente disse ao depoente ‘que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão'”, prossegue Calero.

Na sequência, o ex-ministro afirma que se sentiu “decepcionado” pelo fato de o próprio presidente da República tê-lo “enquadrado”. Com isso, sua única saída foi apresentar seu pedido de demissão. Segundo informações da Folha.