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18 May 2024

Conheça Dona Socorro, a especialista em Previdência que traduz a reforma em miúdos

A partir de hoje, a Dona Socorro vai explicar todos os pontos da reforma da Previdência no site do EXTRA. A especialista virtual vai tirar as dúvidas de maneira didática, indo direto ao ponto. Será uma espécie de professora para quem quer entender cada detalhe deste assunto complexo. Nesta entrevista, a personagem virtual se apresenta, fala sobre seu trabalho e abre um canal de diálogo com os leitores.

A entrevista começa após o chat

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Por que a senhora resolveu se especializar em Previdência?

Desde jovem sou muito preocupada com meu futuro. Sempre pensei sobre como seria a minha vida depois que eu parasse de trabalhar. Acho que as pessoas vivem dois momentos importantes. Quando são jovens, em idade produtiva, querem consumir, viajar, comprar a casa própria, adquirir um carro novo, dar uma boa educação para os filhos… Mas pouca gente se preocupa com a outra etapa da vida: a aposentadoria. O brasileiro não tem muito hábito de poupar para o amanhã. Muita gente sequer contribui para a Previdência. Mas é importante garantir sua renda no futuro. Embora o brasileiro esteja vivendo mais, nem todo mundo se prepara bem para a velhice. Eu quero chamar a atenção para isso, quero ajudar as pessoas a pensarem nisso.

A senhora acha que o brasileiro já entendeu os principais pontos da reforma?

Acho que ainda não. As pessoas até já entenderam que vão ter que cumprir uma idade mínima para a aposentadoria (a proposta é de que chegue a 62 anos, mulher, e 65, homem), com mínimo de 30 e 35 de contribuição, respectivamente. Mas muita gente ainda tem dúvidas sobre como se chegará a esse patamar. As pessoas ainda não entenderam direito que, para quem já está trabalhando, essa idade vai começar em 56 anos (mulher) e 61 anos (homens), crescendo seis meses a cada ano, até chegar ao limite máximo.

Para complicar um pouco mais, ainda vai haver outra regra: a da soma da idade e do tempo de contribuição, que vai começar em 86 (mulher) e 96 (homem) pontos, crescendo 1 ponto por ano, até chegar a 100 (mulher), em 2031, e 105 pontos (homem), em 2027.

E quem está a menos de 2 anos da aposentadoria — mulher com 28 anos de contribuição e homem com 33 anos — terá uma regra de transição mais vantajosa. cumprindo apenas mais 50% do tempo que faltar para aposentadoria.

O fato de haver mais de uma regra de transição não deixa o trabalhador mais confuso?

Deixa, sim. E é por isso que eu tenho estudando tanto a assunto. Quero ajudar o leitor do EXTRA a entender essas mudanças. Nas regras de transição, por exemplo, que já está na ativa vai se enquadrar em uma regra ou em outra. Para cada caso, haverá uma possibilidade. As pessoas também têm dificuldades para entender que existem diferentes tipos de aposentadoria: por idade, por tempo de contribuição, por invalidez, especial (para quem trabalha com agentes nocivos), de professor, de servidor, de militar… Todas vão continuar existindo, mas com regras diferentes das atuais. E vou explicar tudinho.

A aposentadoria por idade, por exemplo, não vai acabar?

Não. Ao contrário do que as pessoas pensam, vai continuar existindo. Pelo menos é o que propõe o texto da reforma. Hoje, esse tipo de benefício exige 60 anos (mulher) ou 65 anos (homem), além de 15 anos de recolhimento (180 meses), no mínimo, para ambos os sexos. Mas, a partir de 1º de janeiro de 2020, essa idade mínima da mulher será acrescida de seis meses a cada ano, até atingir 62 anos. A do homem vai continuar em 65 anos, como é hoje. Além disso, o tempo de contribuição mínimo previsto para ambos os sexos vai subir de 15 para 20 anos, gradualmente, a partir de 1º de janeiro de 2020. Ou seja, nenhuma regra vai ficar como é hoje.

E os servidores? As regras deles serão diferentes…

Sim. Os servidores terão regras específicas para aposentadoria, que vão levar em conta o tempo no serviço público e o tempo no efetivo cargo. Eles já foram afetados pela Emenda 41, que mudou as regras de aposentadoria do funcionalismo, em 2003, e agora serão afetados de novo. Hoje, eles já têm idade mínima para aposentadoria, de 55 anos (mulher) e 60 anos (homem). Esse limite também vai subir para 62 e 65 anos, respectivamente.

E os militares?

Segundo o governo, essa categoria também terá novas regras para passar à inatividade, mas essas mudanças não foram incluídas no texto da reforma da Previdência. Serão enviadas em um projeto à parte, que deverá ser entregue ao Congresso ainda esta semana. Estou ansiosa para dar mais detalhes aos leitores.

A reforma vai mudar até a forma de o trabalhador contribuir para a Previdência?

Isso mesmo. A proposta de reforma cria novas alíquotas de contribuição para quem tem carteira assinada e para os servidores públicos. Vou ajudar os leitores a entenderem mais sobre isso também.

E como a senhora pretende se comunicar com os leitores?

Já ganhei uma coluna no jornal em papel, geralmente publicada aos domingos. Mas vou estar nas páginas do EXTRA sempre que houver uma novidade sobre o assunto. Na internet, estou disponível 24 horas por dia. Quem tiver dúvidas sobre reforma pode entrar em contato comigo no chat, a qualquer hora, no site (extra.globo.com) e por e-mail ([email protected]). No site, é só clicar em “Notícias”, no alto da página, e em seguida no link “Dona Socorro”.

A proposta de reforma será aprovada ainda este ano?

A expectativa do governo é de que sim. Mas tudo vai depender de muita negociação no Congresso Nacional. A ideia de reforma foi apresentada por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Neste caso, é preciso que haja votação em dois turnos na Câmara dos Deputados e em dois turnos no Senado. E é necessário ter 2/3 dos votos dos parlamentares de cada Casa para que seja promulgada. Ainda vai haver muita discussão sobre o assunto. E os parlamentares deverão propor mudanças.

A senhora pretende ir a Brasília acompanhar os debates de perto?

Claro que sim. Eu adoro falar sobre Previdência e quero ouvir tudo o que for discutido por deputados e senadores para contar aos leitores do EXTRA. O Congresso Nacional vai ser minha segunda casa. Vou colecionar milhas aéreas.

A senhora demonstra bastante experiência com o assunto Previdência, sempre muito preocupada com a aposentadoria. Se importaria de dizer quantos anos tem?

Não vou dizer exatamente quantos anos tenho, mas posso afirmar que fico entre 40 e 50 anos. Eu me cuido fisicamente, procuro ter uma ótima alimentação e boas noites de sono, mas posso dizer que já tenho mais de 20 anos de contribuição. Vou entrar nas regras de transição da reforma. Minha carteira de trabalho foi assinada já faz um tempinho. Já está com as folhas amarelinhas.