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19 May 2024
Foto: Reprodução

Cuidado com brinquedos eletrônicos para crianças

Pais devem limitar o tempo de uso dos aparelhos

Para muitas crianças, o mês de dezembro é sinônimo de pura alegria. Afinal, não basta ser o mês do Natal para se ganhar novos brinquedos, mas também o encerramento do ano letivo traz a alegria de poder desfrutar de um bom período de folga com suas atividades recreativas. Mas, os aparelhos eletrônicos com acesso à rede, o lazer favorito da molecada em tempos atuais, também deve ser uma preocupação para os pais.

Esse receio é motivado pela falta de controle cada vez mais evidente que dos pais e responsáveis ao deixarem que as crianças tenham um acesso ilimitado aos dispositivos, o que pode favorecer não apenas a ações indevidas, como downloads que danificam o sistema operacional dos aparelhos, e facilitar que pessoas de má fé utilizem os jovens usuários para cometer crimes cibernéticos.

Um estudo realizado pela empresa de segurança digital Norton revelou que 49% dos pais e responsáveis por crianças tiveram sua segurança virtual comprometida pelos filhos no último ano. A pesquisa também concluiu que um a cada quatro crianças fizeram download de vírus no próprio computador, ou no dispositivo utilizado pela família.

Em relação aos golpes via web, o levantamento também notou que 12% das crianças responderam a esquemas de sorteio, 11% clicaram em links enviados via SMS, enquanto outros 9% responderam a outros tipos de fraudes virtuais.

Para Rodrigo Nejm, que é diretor de educação da SaferNet Brasil, o primeiro erro que leva às crianças a se tornarem vítimas fáceis dos crimes na rede, é a ausência de orientação de seus responsáveis quanto ao uso dos dispositivos, ao concluírem que esta criança está segura apenas pelo fato de já dominarem o manusear o aparelho, deixando que este funciona como um tipo de “babá eletrônica”.

“A criança deve aprender, desde cedo, que a internet também é como um grande espaço público, e que, assim como ela está vulnerável em um local aberto a todas as pessoas, onde há locais inseguros, com pessoas de todos os tipos, isso também ocorre na internet”, destaca Nejm.

Para o diretor de educação, o melhor meio para evitar que as crianças caiam em armadilhas virtuais ainda é o diálogo. “A criança precisa saber, através dos pais, que não se pode confiar em todos que estão jogando com ela, que não se deve passar dados como celulares, endereços, ou senhas para outros sites ou pessoas”, aconselha Nejm.

Além disso, estar atento a todo tipo de jogo e aplicativo utilizado pelos pequenos também é fundamental. Rodrigo Nejm destaca que a maioria dos softwares fabricados para essa finalidade possui informações de conteúdo e faixa etária que facilitam para os adultos filtrarem o que pode ou não ser um meio de lazer infantil.

Pais devem limitar o tempo de uso dos aparelhos

Outro fator que preocupa cada vez mais é a dependência dos jovens à recreação virtual. O uso ilimitado dos aparelhos pelas crianças é facilitado por aquele que deveria justamente impor esses limites, que são os pais e outros responsáveis. Para a psicóloga infantil, Lílian Britto, esta massificação do lazer digital é motivado justamente porque os pais se encontram com cada vez menos tempo para se dedicar ao filho, sem a paciência.

“Os aplicativos são ferramentas que podem ajudar muito no desenvolvimento da criança, colaborando com o processo de aprendizagem, principalmente com as noções de memória, raciocínio e estratégia. O problema é quando estes dispositivos são usados apenas como forma de distração da criança, para que os pais possam dar conta de suas atividades profissionais”, avalia Lilían Britto.

De acordo com a psicóloga, os efeitos colaterais começam a se manifestar quando a criança não consegue fazer necessidades básicas, como comer, sem ter dispositivos como um tablet, a sua frente. Em casos mais graves, a criança cresce depende desse recurso chegando mesmo a ter problemas de aprendizagem, apresentando comportamento agressivo, mal-humor quando fica muito tempo sem jogar, ou tende a se isolar socialmente.

Quando isso ocorre é preciso um trabalho de conscientização com os pais em duas frentes. A primeira, sob o ponto de vista da segurança virtual é buscar fazer uma aliança com o filho. “É buscar saber que jogos são esses? Com quem ele está jogando? Quem são essas pessoas? São crianças também? Quais sites ele está entrando? São questionamentos que ajudam os pais a conhecerem melhor esse universo digital em que o filho está navegando”, explica ele.

Em relação ao desenvolvimento da criança, estabelecer limites de horário e do que pode ser acessado é uma boa forma de ter controle sobre o conteúdo virtual do filho. Outras formas de lazer também podem ser estimuladas na criança. Uma boa dica são os jogos de tabuleiro, que, além de incentivar a recreação em grupo, também podem estimular a memória e o raciocínio.

Por Matheus Fortes/Tribuna da Bahia