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25 April 2024

Cunha diz que participaria de acareação desde que Dilma e ministros fizessem o mesmo

RIO – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda-feira que não tem problema nenhum em participar de uma acareação com o delator Júlio Camargo, que representou empresas envolvidas na Operação Lava-Jato e acusou o peemedebista de pedir propina, mas afirmou que a presidente Dilma Rousseff também deveria ficar frente a frente com o doleiro Alberto Youssef e os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, com Ricardo Pessoa, dono da UTC.

– Não tem nenhum problema, pode haver acareação com quem quiser. Mas aproveita e chama o Mercadante e o Edinho Silva para acarear com o Ricardo Pessoa e a Dilma para acarear com Youssef – disse Cunha. – É oportunista alguns quererem falar de uma acareação comigo, que eu estou disposto a fazer a qualquer tempo. Agora, aproveitem e convoquem todos os que estão em contradição porque quando o ministro Mercadante e o ministro Edinho Silva negam aquilo que foi colocado pelo delator Ricardo Pessoa e o que a própria presidente nega o que foi colocado pelo delator Youssef, que se faça a acareação de todos — completou ele, após participar de um almoço da Associação de Emissoras de Rádio e TV do Rio (Aerj) com líderes peemedebistas na Zona Sul do Rio.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) pediu uma acareação na CPI da Petrobras entre o presidente da Câmara e Júlio Camargo, que afirmou à Justiça Federal ter sido pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas referentes a dois contratos de US$ 1,2 bilhão de navios-sonda, assinados pela Petrobras entre 2006 e 2007. Camargo prestou depoimento, gravado em vídeo, em oitiva no âmbito da Operação Lava-Jato. Segundo o delator, Cunha pediu US$ 5 milhões pessoalmente a ele, o que o peemedebista nega.

Edinho Silva e Mercadante foram listados por Ricardo Pessoa em delação premiada, segundo a revista “Veja”. A lista de citados foi confirmada pelo GLOBO. No depoimento, o empreiteiro listou como beneficiários de recursos desviados da Petrobras a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, da qual Edinho foi tesoureiro, e a campanha de Mercadante ao governo de São Paulo em 2010.

O ministro da Casa Civil, segundo a delação de Pessoa detalhada pela revista, recebeu R$ 250 mil da empreiteira UTC. Em 2010, na campanha ao governo de São Paulo, Mercadante recebeu exatamente os mesmos R$ 250 mil da UTC, declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os recursos à campanha de Dilma em 2014 somam R$ 7,5 milhões, segundo a revista. A campanha de Dilma recebeu em 2014, oficialmente, R$ 7,5 milhões da UTC, segundo registro do TSE.

Já Dilma teria sido citada em depoimento de Youssef à Polícia Federal e ao Ministério Público em Curitiba, segundo a revista “Veja”. O doleiro teria dito que a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “sabiam de tudo” sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

Após a citação do nome de Cunha pelo delator, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pregou que o colega de partido se afastasse da presidência da Câmara. Após dizer qie não comentaria a declaração, Cunha disse:

– Vivemos numa democracia. Cada um tem o direito de se manifestar.

‘NÃO VAMOS QUERER TACAR FOGO NO PAÍS’

Ao comentar o rompimento com o governo, Cunha afirmou que não existe pauta da vingança:

— Não vamos querer tacar fogo no país, nenhuma pauta-bomba. Não existe isso. É o normal que está sendo tratado (pela Câmara). Se o normal incomoda é outro problema.

O presidente da Câmara declarou não ter visto nenhum problema na nota do PMDB após seu rompimento com o governo. O texto diz que isso era uma atitude pessoal.

– O PMDB apenas repetiu o que eu já falei – disse o deputado, afirmando que não pediu ninguém para acompanhá-lo a mudar de posição e negando que a bancada esteja mais rachada no apoio ao governo. – Ela já estava dividida. Não pelo fato de eu ter mudado que aumentou ou diminuiu a divisão.

Sobre a escolha dos membros da CPI do BNDES, Cunha afirmou que a composição das comissões é uma escolha dos líderes de partidos.

Fonte: O Globo