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27 July 2024

Em menos de dois meses, Feira de Santana já teve mais casos de dengue do que em 2018 inteiro

Duas mortes foram confirmadas e outras duas estão em análise pela Sesab

Os casos confirmados de dengue em Feira de Santana em 2019 já superam os registros feitos na cidade em 2018 inteiro, com aumento de 19%. Nesses 52 dias de 2019, duas mortes já foram registradas e outras duas estão em análise pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).

Segundo dados da Vigilância Epidemiológica do município, 600 casos de dengue haviam sido confirmados até essa quinta-feira (21), sendo que, no ano passado, foram 503.

A cidade que, segundo a Sesab, vive uma epidemia de dengue já notificou 1.617 casos suspeitos da doença em 2019, bem acima das 1.128 notificações de todo o ano de 2018. O aumento de notificações somente nestes 52 dias do ano é de 43%.

Foto: Fiocruz/Divulgação

Os locais de maior preocupação são os bairros: Conjunto Viveiros da Feira, Gabriela, Tomba, Feira X, Brasília e Sítio Matias e nos distritos de Matinha, Maria Quitéria e Humildes.

A Sesab informou que ainda não tem dados atualizados sobre a dengue na Bahia, mas o último levantamento, realizado até a primeira semana de fevereiro, mostra que os casos de notificações de dengue no estado aumentaram 134%. Foram registrados 1.533 casos suspeitos de dengue em 82 municípios, 87 de chikungunya em 23 cidades e 26 de zika em 12 municípios. Em relação ao ano passado, houve redução de 68,7% dos casos notificados de chikungunya e redução de 82,8% de zika.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica Municipal, Francisca Lúcia de Oliveira, informou que há 237 agentes de endemias atuando no combate à dengue na cidade, e que há duas equipes de cinco a seis pessoas usando bombas costais com produto para matar as larvas nas residências.

Ela relatou ainda que a dificuldade maior é saber onde estão as casas com os focos, porque “87% dos casos de focos são dentro das residências”.

“Estamos em ações emergenciais com outras secretarias, passando nos bairros e distritos mais preocupantes e visitando locais de lixo, como terrenos baldios”, declarou ela.

Moradora do bairro Feira VII, a professora da rede pública estadual Noildes de Jesus, 55, informou que a dengue tem deixado a todos muito preocupados na cidade e que bairros como Subaé e Aviário têm sido evitados pela população.

“Ouvimos dizer que têm muitos casos de dengue lá, então muita gente tem evitado”, contou a professora, que informou ter visto nessa quinta-feira o carro do fumacê, enviado pela Sesab à Feira de Santana, passando pelo bairro do Tomba.

Para ela, o problema da dengue na cidade é decorrente da falta de cuidado das pessoas com relação aos reservatórios, sobretudo porque moradores acumulam água devido a problemas decorrentes de desabastecimento. A cidade tem 380 mil imóveis cadastrados na Vigilância Epidemiológica.

“Há pouco tempo, uma amiga me pediu pra ficar na casa dela acompanhando uma reforma e quando fomos ao telhado vimos um reservatório cheio de larvas do mosquito Aedes aegypti, fiquei no maior medo e saímos de lá”, contou.

Recentemente, a professora esteve envolvida na campanha para arrecadação de doações de sangue para uma colega dela que estava internada com suspeita de dengue hemorrágica.

“Ela está se recuperando já, mas a imunidade ainda está baixa”, disse. “A gente pode tomar nosso cuidado, mas se o vizinho não tomar, todo mundo corre risco de ficar doente e morrer”.

O gerente de uma farmácia da cidade disse que a venda de repelentes aumentou por causa da epidemia. “Subiram uns 20% as vendas, que ocorrem mais à noite”, afirmou Jorge Freitas. “Todo mundo está preocupado”.

Dicas básicas para manter o mosquito afastado:
1. Deixe tudo tampado (ventos tiram as tampas das caixas d’águas do lugar).
2. Lembre-se de colocar areia nos vasos.
3. Verifique o quintal e tenha atenção com o lixo.
4. Retire a água dos pneus velhos.
5. Deixe latas e garrafas bem guardadas.
6. Cuide das piscinas e caixas d’águas.
7. Utilize telas de proteção.
8. Coloque desinfetante nos ralos.
9. Atenção com potes de água dos animais e aquários.
10. Use repelentes e inseticidas.

Principais sintomas e complicações de cada doença
Dengue
Das três arboviroses, ela é a mais conhecida e antiga no Brasil. Os sintomas são febre alta, que geralmente dura de 2 a 7 dias, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Nos casos graves, o doente também pode ter sangramentos no nariz e gengivas, dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. Ao surgirem os sintomas, o paciente deve procurar atendimento médico. Geralmente, as recomendações são ficar de repouso e ingerir bastante líquido.

Chikungunya 
De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros casos da doença no Brasil apareceram em setembro de 2014 em Oiapoque, no Amapá. O principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos, que é mais intensa do que nos quadros de dengue. Além disso, causa também febre repentina acima de 39 graus, dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. Segundo o MS, as mortes são raras e cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. Para tratar é preciso ficar de repouso e consumir bastante líquido. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia.

Zika 
Pacientes com essa doença apresentam febre mais baixa que a da dengue e chikungunya, olhos avermelhados e coceira característica. Normalmente a zika não causa morte, e os sintomas não duram mais que sete dias, mas vale ressaltar que ela relaciona-se com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia. O paciente infectado pelo zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite. Assim como nas outras viroses, o tratamento consiste em repouso, ingestão de líquidos e remédios que aliviam os sintomas e que não contenham AAS.