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27 April 2024

Embasa quer esclarecer caso de homem que caiu em rede de esgoto

A queda do carpinteiro Genivaldo Silva em “um bueiro” na altura da Estação de Transbordo do Iguatemi e seu resgate após nove dias e a 5 km de distância, nas proximidades da Estação de Tratamento da Embasa, no Rio Vermelho, ganhou toda uma aura de mistério. A Empresa de Água e Saneamento adiantou, ontem, “aguardar a plena recuperação dele para que indique pessoalmente o local onde diz ter sofrido o acidente”. Conforme a assessoria da empresa “foram vistoriados todos os pontos de acesso à tubulação que conduz os esgotos à estação do Rio Vermelho e não foi encontrada a abertura por onde ele pudesse ter caído”.

A Embasa garantiu “não existir passarela ou obstáculos no interior dos canos de esgotamento, já que as tubulações de condução do esgoto devem permitir o fluxo livre dos efluentes”. Arguiu, inclusive, ser preciso explicar que “bueiros não fazem parte da rede coletora de esgoto; são aberturas para escoamento da água de chuva e fazem parte da rede de drenagem de águas pluviais”. Conforme a empresa, a rede coletora de esgoto não tem aberturas para escoamento de água. “A rede recebe os esgotos diretamente dos imóveis e, para se ter acesso à tubulação com equipamentos de limpeza, existem poços específicos de inspeção, cuja dimensão varia de acordo com o diâmetro da tubulação”.

A empresa disse dispor de equipes com equipamentos especiais para a manutenção de redes e ramais, elevatórias e estações de condicionamento prévio. A média mensal de atendimento alcança cerca dez mil solicitações para manutenção de redes e ramais.

Técnicos da empresa asseguraram, ainda, que a manutenção é realizada de forma corretiva e preventiva. ”Assim como há variedade na profundidade em que se encontram, as tubulações da rede de esgoto têm diâmetros diversos a depender da função para as quais está destinada, ou seja, para as conduções por gravidade ou por bombeamento e em que pese sua localização no conjunto de uma bacia de esgotamento sanitário”.

Os esgotos, ainda segundo a Embasa, são coletados por gravidade, portanto, têm que estar abaixo das instalações sanitárias dos imóveis. A tubulação da Avenida ACM, onde o carpinteiro diz ter permanecido, é variável, chegando no ponto máximo a cerca de 12m de profundidade sendo o vetor responsável por conduzir todos os esgotos coletados em 19 bacias do sistema de Salvador.

Empresa cobre mais de 80% do esgotamento sanitário da cidade

A cobertura do esgotamento sanitário em Salvador é de 81%. O percentual, conforme a empresa, vem sendo “progressivamente ampliado em busca da universalização do serviço” na cidade. “Desde 2007, foram implantadas 208 mil novas ligações de esgoto no município”. A Embasa faz anualmente uma “média de 25 mil novas ligações por ano” e alega que a cobertura do sistema “não tem avançado com a velocidade desejada por causa da ocupação desordenada da cidade, que por vezes impede as obras de saneamento”.

Para tais locais, conforme a empresa, são necessárias obras de urbanização, como macro e micro drenagem, arruamento, pavimentação, contenção de encostas, entre outras, para que o esgotamento seja implantado. De acordo com a Embasa, “os bairros com menor cobertura de esgotamento se situam nas periferias da cidade, para os quais estão em obras as bacias de Águas Claras, Cambunas e Trobogy”. Os bairros periféricos ainda sem cobertura, conforme a empresa, envolvem “ocupações espontâneas com graves problemas de infraestrutura urbana como arruamento, drenagem, contenção de encostas, entre outros, onde não é possível implantar rede de esgotamento sanitário sem realizar previamente uma ação de urbanização integrada”.

Técnicos da empresa sinalizaram, ainda, para o fato de que “existem pessoas que residem em áreas que possuem rede coletora, mas que direcionam indevidamente seu esgoto para a rede de drenagem”. Em Salvador, um estudo do Instituto Trata Brasil identificou 20 mil casos desse tipo, conhecido como “ligações ociosas”. Nesse caso, “é preciso que os moradores realizem a ligação dos seus imóveis à rede pública de esgotamento, como é de sua responsabilidade e conforme a legislação vigente”, acentuou.

Atualmente, a rede de esgotamento de Salvador se estende por cerca de 4.250 km, direcionando o esgoto coletado em 28 bacias sanitárias de Salvador para duas estações de condicionamento prévio, nos bairros do Rio Vermelho e da Boca do Rio, de onde os efluentes são lançados no mar. A Embasa garante ter cadastro de todas as suas redes, coletores tronco e interceptores.

Por: Albenísio Fônseca / Tribuna da Bahia (Foto: Romildo de Jesus)