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27 April 2024

Filas enormes, problemas no banheiro… Mulheres sofrem no Mundial da França

França O ambiente do futebol tem sido de domínio dos homens desde que o esporte bretão tomou vida na Inglaterra. Sendo assim, não chega a espantar que, mesmo na Copa do Mundo feminina mais badalada de todas, alguns “vícios” de estrutura permaneçam. A presença de mulheres em estádios não é algo novo, mas, em geral, elas sempre foram minoria — algo que tem mudado gradativamente em grandes competições. Principalmente numa jogada só por elas. Na França, as mulheres são maioria nas arquibancadas. Ainda assim, a organização do evento parece ter deixado passar alguns detalhes bem importantes.

A questão da segurança é algo caro à Fifa. Há todo um padrão a ser seguido e uma série de proibições na entrada do estádio. Um pouco de paciência nas filas se faz necessário nessas ocasiões. Porém, no jogo entre Brasil e Austrália na última quinta-feira, por exemplo, pouco mais de 17 mil pessoas compareceram ao estádio em Montpellier.

Era de se esperar o atraso de alguns espectadores para um jogo às 18h (horário local) de um dia útil. Ainda assim, o pequeno número de seguranças para fazer a revista feminina causou longas filas nos corredores destinados às mulheres nos portões de acesso, um dos motivos para o estádio só ter quase lotado depois da metade do primeiro tempo. Do lado da revista masculina, os corredores encontravam-se praticamente vazios.

— Em Montpellier, após mostrar o ingresso e passar pela primeira barreira, na parte da revista tinham apenas duas mulheres. Na dos homens, uns dez. Os homens chegavam e entravam muito rápido, e as mulheres tiveram que ficar numa superfila. Essa é ainda a cultura do futebol pensado para o homem. Os espaços são pensados para o homem — reclamou a blogueira e humorista Letticia Muniz.

A torcida feminina em Montpellier também teve de enfrentar outras filas, como no momento de usar o banheiro no intervalo. Num dos setores do estádio, havia apenas uma porta com sanitário e um lavabo. Logo ao lado, os homens desfrutavam de um espaço com mictório e mais dois sanitários, quase sempre vazios.

Não tardou para algumas mulheres e até crianças se aventurarem no banheiro vizinho para não perder valiosos minutos do segundo tempo da partida.