Data de Hoje
12 May 2024
Depois de matar criança, adolescente escondeu o corpo do menino em um freezeri (Foto: Amanda Palma/Correio)

Garota adolescente confessou ter matado menino de 9 anos

Adonay Santos foi encontrado morto dentro de freezer  desativado (Foto: Reprodução)

Adonai foi encontrado em estado de decomposição (Foto: Reprodução)

A adolescente de 16 anos que confessou ter matado Adonay Santos, 9 anos, no município de Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, ajudou os familiares a procurar o menino depois de tê-lo sequestrado e mantido dopado. Segundo a mãe da criança, Paula Cristina da Silva Alves, 31 anos, a garota foi uma das primeiras pessoas que se ofereceu para procurar Adonay.

“Ela acabou com minha vida, ajudou a procurar, a fazer cartazes. Ela é um monstro”, desabou a mãe de Adonay. Paula Cristina tem a lembrança da última vez que viu o filho vivo, na manhã de segunda-feira (5). “Ele estava empinando pipa, chamei para ir para casa e ele respondeu que iria logo depois”, conta. Ela só estranhou quando deu 11h e Adonay não apareceu em casa para comer.

Paula Cristina só descobriu que o filho foi encontrado morto na manhã desta quarta-feira (7), pela mãe dela. O corpo de Adonay foi encontrado dentro de um freezer desativado na casa da adolescente, na Praça Maria Quitéria, por volta das 22h30 da noite desta terça-feira (6), já em estado de gigantismo. O corpo está no Instituto Médico Legal (IML) em Salvador.

De acordo com o delegado Marcos Laranjeiras, titular 20ª Delegacia (Candeias), a garota é vizinha da vítima e tinha o hábito de brincar com as crianças da rua. A adolescente abordou o menino enquanto ele empinava pipa na rua dizendo que iria comprar outro brinquedo. Ela, então, capturou o garoto e o levou para a casa onde mora com o pai e o irmão.

“Ela disse que viu Adonay empinando pipa e pensou em sequestrar o garoto para pedir um resgate de R$ 600. Ela pegou o menino e trancou dentro de casa. Mas não chegou a entrar em contato com a família para pedir dinheiro”, disse o delegado em entrevista ao CORREIO.

Segundo Laranjeiras, quando ela chegou em casa com o menino deu a ele dois comprimidos de um antidepressivo que causa sonolência. Quando ele dormiu, ela escondeu o garoto dentro do freezer.

A adolescente decidiu matar Adonay depois de perceber que, além da família e dos amigos, a polícia já estava envolvida na busca pela criança. “Quando ela viu a comoção e a participação da polícia, desistiu do sequestro e resolveu matar o garoto”, falou Marcos Laranjeiras. Ela, então, despistou os policiais dizendo que teria visto o menino empinando pipa próximo a um córrego da rua.

“Ela induziu os policiais ao erro indicando que viu o menino na região onde já há histórico de crianças afogadas nessas mesmas circunstâncias”, explicou o delegado. A adolescente voltou para a casa e estrangulou o menino, ainda sob efeito do medicamento. Depois do crime, a adolescente ajudou a procurar pelo menino.

“Nós começamos a procurar em uma rede esgoto que fica ao redor da casa dele. Achávamos que ele poderia ter caído ali e se afogado. Ela auxiliou nas buscas como se nada tivesse acontecido”, disse o delegado ressaltando que ela ficou com medo de ser identificada pelo menino depois que ele acordasse.

Na manhã desta terça-feira (6), a adolescente apareceu na casa de Adonay se oferecendo para acompanhar a irmã do garoto, uma menina de 8 anos, até a escola. A polícia não confirmou se a suspeita tinha interesse de sequestrar a menina.

A mãe de Adonay ainda está muito abalada com o crime e diz não entender como ela pegou um menino tão ativo. “Meu filho fez o quê para ela fazer isso com ele? Ela não era uma criança fácil e muitas vezes mudava de humor. Mas ao mesmo tempo ele era um menino brincalhão e estava sempre na rua brincando. Vi ela crescer, a mãe dela sempre me ajudou a fazer vaquinha para comprar remédio para meus filhos”, disse Paula Cristina aos prantos.

Corpo em freezer

O corpo de Adonay permaneceu dentro do freezer até o final da noite de ontem, quando o Departamento de Polícia Técnica esteve na casa para fazer perícia e fazer a remoção. Ele já estava em estado de decomposição e foi percebido pelo pai da adolescente, o ajudante de pedreiro Fábio da Silva Pereira, 40 anos, devido ao forte mau cheiro que estava na casa.

Fábio contou que estava fora de casa trabalhando e que não percebeu que a filha tinha levado o menino para casa. Ele também não constatou que o mau cheiro vinha do freezer, onde estava o corpo. “Ontem cheguei em casa ela estava muito agitada, pois os vizinhos já estavam desconfiando que ela tinha pego o menino”, explicou.

A adolescente chamou o pai até o fundo da casa e começou a chorar dizendo que estava com Adonay. “Eu perguntei: ‘por que você não devolve ele?’ e ela me respondeu que ele já estava morto”. Fábio procurou o corpo pela casa e, ao abrir o freezer, viu o corpo e ficou em estado de choque.

A jovem tentou mentir para o pai usando o argumento de que a criança tinha sofrido uma convulsão e morrido, mas logo depois confessou todo o crime ao pai. Ainda preocupado, Fábio ligou para amigos da igreja para pedir ajuda e depois levou ela para a delegacia, onde comunicou que tinha encontrado o corpo e que a autoria do homicídio era a própria filha.

A polícia negou que o menino tenha sido torturado ou abusado sexualmente antes de ter sido morto. Ele estava com a mesma roupa que usava na última vez que foi visto, uma bermuda branca com xadrez verde.

De acordo com as investigações, a adolescente agiu sozinha. “Foi o desespero da abstinência para comprar droga, pois é viciada. A família do garoto é muito humilde, não tem posses”, disse o delegado.

Na rua onde aconteceu o crime, vizinhos contestam a versão da polícia. Eles contam que a adolescente tinha dívida com droga e contou com a ajuda de uma outra pessoa. “Ela não agiu sozinha, a outra suspeita fugiu hoje de manhã”, comentaram.

No final da manhã de hoje, a jovem foi encaminhada para o Ministério Público de Candeias, onde ficará internada provisoriamente por 45 dias. As duas filhas da adolescente, de um e dois anos, moram com as avós em outras casas.

Por Kívia Souza e Amanda Palma / Correio