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20 April 2024
Pestana, no Rio Vermelho, teve ocupação média em 2015 de 47% (Foto: Divulgação)

Hotel Pestana fechará para reformas, sem data para reabrir

O primeiro cinco estrelas de Salvador e ainda hoje o maior hotel da cidade passa por uma série de dificuldades

A rede portuguesa Pestana confirmou que vai fechar o hotel do Rio Vermelho para reformas daqui a 45 dias, no dia 1º de março. A empresa, que administra 87 unidades em 15 países, não especificou o valor da reforma, o que será reformado e nem mesmo quando o hotel será reaberto.

O fechamento da unidade após o Carnaval foi antecipado pela coluna Farol Econômico, no dia 21 de dezembro. O primeiro cinco estrelas de Salvador e ainda hoje o maior hotel da cidade passa por uma série de dificuldades, que culminaram no fechamento de metade dos andares de apartamentos e mais de 120 demissões entre julho e dezembro, conforme noticiado pelo Correio.

Em 2015, a ocupação média foi de 47%, abaixo de 60% – considerado o mínimo necessário para um empreendimento hoteleiro pagar todas as contas. Em outubro, a ocupação chegou ao menor patamar no ano, de 30%, de acordo com levantamento realizado pela Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha). A situação enfrentada pelo Pestana alimenta a suspeita de um encerramento definitivo das atividades no local, que circula em conversas informais entre representantes do turismo.

O presidente da Febha, Silvio Pessoa, ressalta que o fechamento definitivo seria uma grande perda. “Seriam muitos postos de trabalho perdidos. Salvador perderia um hotel icônico”, afirma. Ele lembra que o equipamento passou por uma reforma em 2001, que poderia ter sido melhor aproveitada. “Elevadores e banheiros não foram contemplados”, enumera. Pessoa explica que o Pestana passa por dificuldades, assim como os outros hotéis da região. Segundo ele, 18,6 mil dos 40 mil leitos de hotéis na capital ficaram ociosos em 2015.

O presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, acredita que a rede hoteleira deveria especificar melhor o processo de reformas. “Eles precisam dar uma satisfação para o mercado e para a sociedade do que vai ser, quanto vai custar, etc”, diz.

Para os empresários do setor, o caminho para a recuperação da hotelaria de Salvador passa pela reabertura do Centro de Convenções da Bahia, fechado para reformas pelo governo do estado em junho do ano passado. Sem o equipamento, a captação de eventos de grande porte – que ajudam a manter a ocupação na baixa estação –  fica comprometida.

Cenário

Ontem havia poucos funcionários à vista no hotel e a movimentação de hóspedes era baixa.  O salão de beleza fechou, mas duas lojas no térreo ainda funcionam.

O secretário de Turismo do estado, Nelson Pelegrino, contou que conversou com a diretoria do Grupo Pestana, em viagem recente a Lisboa. “Eles disseram que estavam preocupados com a situação e que estudam soluções para o hotel, que talvez até se convertesse em aparthotel”, contou. “Fechar definitivamente é inaceitável”, pondera.

“Em   caso extremo, a gente pode desapropriar para fazer outro grupo assumir”, avisa. Ele acredita que o Pestana chegou a essa situação porque não houve investimento na qualidade do equipamento. “Ficou em péssimas condições”, reconhece.

O secretário municipal de Cultura e Turismo, Érico Mendonça, disse que aguarda uma informação oficial do grupo Pestana para se posicionar.

Em comunicado oficial, o Pestana informou que vai operar normalmente até o dia 29 de fevereiro. “O Pestana Hotel Group continuará a operar em Salvador, encaminhando as solicitações de seus clientes para as outras unidades que mantém em funcionamento neste destino, caso do Pestana Bahia Lodge [que funciona como aparthotel], localizado igualmente no Rio Vermelho”. No site do Pestana, as reservas só podem ser feitas até o dia 27 de fevereiro.

Por Naiana Ribeiro | Juliana Montanha | Correio