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18 May 2024

Mãe de Guilherme diz à polícia que morte de filho foi uma fatalidade; depoimento do pai é remarcado

Segundo a delegada titular da 6ª Delegacia (Brotas), o engenheiro Rafael Yokoshiro só chorou

 

A enfermeira Carla Verena Oliveira, 33 anos, mãe de Guilherme Oliveira Yokoshiro, 5, que morreu ao cair do 6º andar de um prédio em Brotas, disse à polícia nesta quarta-feira (25) que a morte do filho foi uma fatalidade e que não culpa o marido e pai da criança, o engenheiro Rafael Yokoshiro, 30.

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Rafael também esteve na delegacia na tarde desta quarta-feira, mas não deu depoimento. “Ele ficou cerca de 15 minutos na sala e, quando começamos a perguntar, ele não respondia, só chorava, completamente devastado emocionalmente”, disse a delegada Maria Dail, titular da 6ª Delegacia (Brotas). O engenheiro deverá ser ouvido na segunda-feira (30).

Em depoimento à delegada Maria Dail, por volta das 16h desta quarta-feira, Carla Verena contou ainda que o marido era muito amoroso e ligado ao filho. A enfermeira disse que não sabia da saída de Rafael na madrugada em que ocorreu a morte de Guilherme.

A delegada informou que vai analisar as imagens do prédio e, se ficar comprovado que a ausência do pai foi determinante para a morte da criança, Rafael poderá ser indiciado por abandono de incapaz. “Ainda não analisamos as imagens de segurança do prédio para saber se era um hábito do rapaz sair de madrugada. Ele vai ter que explicar o que aconteceu naquela madrugada”, ressaltou a delegada.

Na manhã desta quarta-feira (25), foi realizada uma segunda perícia no edifício em Brotas, quando a polícia retirou a tela de proteção da janela do quarto do casal. O objetivo é fazer um teste de resistência, para saber se a tela se rompeu com o peso da criança ou por ter sido cortada. Uma tesoura foi encontrada no quarto de Guilherme e encaminhada para perícia.

Até agora cerca de 10 pessoas já foram ouvidas, entre elas o pai de Rafael, vizinhos e moradores

Guilherme Oliveira caiu da janela de um quarto no 6º andar do prédio onde mora com os pais na rua Ariston Bertino de Carvalho, por volta das 3h30. Segundo os familiares, a criança estava em casa com o pai, o engenheiro de produção Rafael Yokoshiro, mas este deixou o apartamento para ir a uma emergência médica. A mãe do garoto, Carla Verena Oliveira, é enfermeira e trabalhava quando o filho morreu.

Segundo a tia do menino, Tânea Silva Mendes Correia, ao voltar o pai procurou pelo filho dentro de casa e não achou. Desesperado, ele desceu do apartamento e achou o filho caído no parquinho do prédio. Guilherme chegou a ser resgatado pelo pai e levado de volta para o apartamento, mas não resistiu.

“Ele ainda pegou a criança, levou para dentro de casa e pediu socorro. Tentou reanimar, mas ele deve ter morrido naquele momento. Ele pegou na tentativa de dar socorro. A gente sabe que não podia, mas na hora ele ia lembrar?”, contou Tânea. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local, mas a criança já estava morta.

Uma viatura da 26ª Companhia Independente da Polícia Militar (Brotas) também foi acionada. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) fez perícia e remoção do corpo no início da manhã. O corpo de Guilherme foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).

A tela de nylon de proteção que fica na janela estava cortada. “A rede foi danificada no acidente, mas antes ela estava em perfeito estado. Não sabemos ainda o que aconteceu, até porque se diz que ela não corta nem com faca. Eu não entrei no apartamento e não sei se lá dentro tem algum objeto cortante, como tesoura”, explicou a tia do menino.

Segundo a família, os pais da criança estão em estado de choque. “Ela não queria sair do apartamento e ele não quer ficar lá de jeito nenhum. Estamos tentando uma acomodação com o resto da família para ver como vai ficar”, disse Tânea. Os objetos pessoais do casal foram retirados do apartamento e levados para casa de outros parentes.

“A tragédia acontece nas outras famílias e a gente nunca entende que pode vir para nossa também. Os pais se dão super bem. Ela tem uma natureza muito boa e ele é um rapaz muito legal, nunca tiveram problema”, concluiu a tia do garoto. O caso está sendo investigado pela 6ª Delegacia, em Brotas.

* Com informações da repórter Giulia Marquezini