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29 March 2024
Foto reprodução

Motoristas de Uber desligam aplicativos em 20 bairros periféricos de Salvador

Temendo a violência, a estudante de Psicologia Laura Anjos, 21 anos, costuma pedir um Uber sempre que sai à noite. Seria cômodo, se ela não tivesse que andar cerca de dez minutos de sua casa, na Santa Cruz, até o Mercado do Rio Vermelho. Laura está entre os moradores de pelo menos 20 localidades de Salvador em que os motoristas de Uber relatam que, por medo, desligam o aplicativo para não receber chamados. O Jornal Correio ouviu dez motoristas da plataforma digital que fizeram uma relação dos bairros onde eles preferem ficar off-line.

 Utilizando o Uber como principal meio de renda há 1 ano, desde que passou a funcionar na cidade, o motorista Florisvaldo Nunes Filho, 45, desconecta sua conta em determinados locais. Embora nunca tenha sofrido episódios de violência durante o trabalho, ele conta que já foi alertado por moradores da Estrada das Barreiras, na região do Cabula, a não acessar o local.
“Eu me deparei com pessoas em uma rua, era noite. Imediatamente, elas me perguntaram o que eu estava fazendo ali, que eu fosse logo embora. Quer dizer, a gente fica inseguro, claro, então é o único meio”, diz. Para ele, que roda todos os dias da semana, alguns bairros precisam ser evitados. “A gente sente porque em todos os lugares existem pessoas de bem e que precisam, mas eu não nego: escureceu, eu desligo, me afasto, e depois ligo novamente”, completa.
Segundo Laura, que é nascida e criada na Santa Cruz, é comum ouvir comentários do tipo sobre a localidade em que mora. “Eu entendo, o problema é que a gente paga por comodidade e não tem comodidade. Se eu acabo tendo que andar tanto para utilizar o serviço, deixa de ser cômodo. Eles têm medo de entrar de carro e optam por não entrar. Eu não tenho escolha, tenho que voltar para casa andando”, comenta.
 
Faz dois meses que o motorista Joilson Silva, 27, recebeu o chamado de uma mulher, no Nordeste de Amaralina. Ao chegar, dois homens entraram no  carro e anunciaram que estavam com armas e drogas que deveriam ser levadas para Mussurunga. “Foi quase meia hora de pânico. Levei eles lá e, por sorte, não sofri nada grave”, lembra ele, acrescentando que não deixou de entrar no bairro. 

 

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