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26 April 2024

Nocaute selvagem de Bate-Estaca compensa Anderson Silva e Zé Aldo

Jéssica Bate-Estaca conseguiu o cinturão de forma empolgante. Salvou o UFC 237. Anderson Silva e Zé Aldo foram decepcionantes. Facilmente derrotadosO nocaute brutal que deu o cinturão para Jéssica Bate-Estaca

O nocaute brutal que deu o cinturão para Jéssica Bate-Estaca

São Paulo, Brasil

Quando, aos dois minutos e cinquenta e oito segundos, Jéssica Andrade levantou Rose Namajunas e girou o corpo da norte-americana no ar, fazendo com que ela caísse com todo seu peso na nuca, o nocaute foi brutal.

Um dos mais impressionantes da história do UFC.

Rose perdeu os sentidos.

E Jéssica mostrava o porque do seu apelido Bate-Estaca. Esse é o nome do golpe que salvou não só uma noite que parecia lastimável para o MMA brasileiro, no UFC 237.

Mas demonstrou o poder das mulheres brasileiras.

Os homens que já marcaram a história do UFC, agora não têm qualquer cinturão. Já as mulheres, de quatro cinturões, possuem três.

Amanda Nunes tem dois.

O dos penas e o dos galos.

E o palha agora é de Jéssica Bate-Estaca, com direito a bônus de R$ 395 mil, pela melhor luta do evento.

Mais do que merecido.

A luta valendo o cinturão foi espetacular, vibrante, cheia de alternativas. Rose Namajunas é muito técnica, veloz. E tem oito centímetros a mais que Jéssica. 1m65 contra 1m57 da paranaense.

No primeiro round ela fez valer a estatura, desferindo jabs, diretos e cruzados na brasileira. Conseguiu dar um knockdown, derrubando Jéssica com um potente direto.

A torcida brasileira na Jeunesse Arena ficou estarrecida, estava traumatizada pelas derrotas nas lutas anteriores de Anderson Silva, José Aldo, Thiago Pitbull e Bethe Correia.

Mas com Jéssica foi diferente. Ela já havia tentado surpreender a norte-americana duas vezes no primeiro round, com o golpe que a consagrou.

Rose conseguiu na segunda vez travar o braço direto da paranaense. Suspense, tensão na arena. Jéssica escapou por pouco.

O primeiro assalto foi da então campeã.

O segundo começava da mesma maneira. Com Rose acertando jabs, mostrando sua superioridade imposta pela técnica e envergadura.

Mas ela não esperava pela brutalidade pura.

Aos 2m58 segundos, Jéssica usou o golpe que a desclassificou da primeira disputa de título, ainda amadora, no jiu-jitsu. Ela levantou a adversária, girou seu tronco e fez com que ela caísse de cabeça no tatame. Golpe inválido que lhe tirou a medalha de campeã.

Mas nas regras do mma, o golpe é permitido.

Jéssica é baixa, mas troncuda, muito forte.

A brasileira foi contra a lógica, já que havia tentado duas vezes o golpe. Só que mesmo prevenida, a campeã não conseguiu evitar flutuar no ar.

E cair com a nuca no piso do octógono.

Namajunas já caiu nocauteada. Mas Jéssica foi conferir, aplicou mais alguns socos e Rose perdeu de vez os sentidos e o cinturão.

“Eu voltei muito consciente do que eu tinha que fazer no segundo round. Ela voltou mais lenta e eu dei um bate-estaca. Eu nunca dei um bate-estaca na minha vida (no UFC, evidente, não ganhou o apelido à toa). Precisou de muita dedicação, mas hoje deu certo”, disse a nova campeã.

A vibração por parte do público brasileiro na arena foi de euforia.

E alívio.

Porque nas outras quatro lutas principais só derrotas brasileiras

A começar pelo co-main event.

Os chutes de Cannonier destruíram o joelho direito de Anderson Silva

Os chutes de Cannonier destruíram o joelho direito de Anderson Silva

Anderson Silva deu mais um passo decisivo para a aposentadoria.

Ele é uma lenda do UFC. Foi campeão por seis anos dos médios. Poderia ter sido pelo menos mais um, se não tivesse se deixado levar pela obrigação de dar show contra o limitado Chris Weidman.

No Rio, ontem, ele enfrentou um lutador forte, voluntarioso. Mas absolutamente previsível: o norte-americano Jared Cannonier.

Na sua carreira de altos e baixos, Cannonier ainda avisou o que faria. Disse que o caminho para ‘acabar’ com Anderson Silva eram os chutes.

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O brasileiro entrou para o octógono com o aval de uma carreira brilhante. Mas, melhor do que ninguém, ele sabe que tem 44 anos. E que os reflexos não são os mesmos. A explosão muscular, a velocidade, a resistência. Tudo piorou muito.

E o que se viu foi um lutador lento, sem movimentação, parado diante do truculento Cannonier. O norte-americano apenas cumpriu seu plano que havia anunciado.

Enquanto ameaçava a trocação, usava, na verdade, seus jabs para distrair Anderson.  O que queria era os chutes poderosíssimos no joelho direito do brasileiro.

Faltavam reflexos para fugir das pancadas.

Foram quatro chutes poderosíssimos.

No quarto deles, os meniscos de Anderson não aguentaram.

O lutador desabou no octógono.

Estava nocauteado, aos 4 minutos e 41 segundos do primeiro round.

Um balde de água gelada na torcida.

“Desculpa, galera. Nos treinos eu já estava com o joelho machucado. Não deu para segurar. Desculpa. Desculpa. Desculpa”, disse, envergonhado, o veterano, que deixa claro que o lutador excepcional que foi não existe mais.

O futuro de Anderson no UFC é incerto.

Ele já está milionário.

E não consegue se impor diante dos top 10 da nova geração dos médios.

A outra enorme decepção foi José Aldo.

Ele também está longe do seu auge.

José Aldo sem motivação, lento, cansado. Triste derrota para Volkanovski

José Aldo sem motivação, lento, cansado. Triste derrota para Volkanovski

UFC

O manaura vive repetindo que só pensa na aposentadoria do UFC. Quer abandonar o mma para lutar boxe.

E nesse caminho, infelizmente, abandonou uma de suas grandes armas na carreira. Os chutes. Ele simplesmente os esqueceu diante de Alexander Volkanovski.

O plano de luta do australiano foi amarrar a luta, travar o brasileiro. Bater, acumular pontos, e sair da linha da trocação. Com preparo físico excepcional, ele foi minando José Aldo.

De maneira muito estranha, o brasileiro que era número um dos penas, foi cansando. E não conseguindo reagir.

Volkanovski venceu com mérito, de forma unânime, os três rounds.

A decepção ficou porque José Aldo se vencesse, poderia ter uma terceira chance de enfrentar o campeão Max Holloway.

Agora pode cuidar da aposentadoria do UFC.

E lutar boxe, como tanto deseja.

Parece desencatado com o mma.

Perdeu o brilho nos olhos, a motivação.

Thiago Pitbull e Bethe Correia foram derrotados no restante do card principal.

O cearense pelo promissor argentino Laureano Staropoli por pontos, de maneira unânime, na categoria meio-médio.

Pitbull também demonstrou ter perdido a explosão muscular que o caracterizava.

E Bethe perdeu a luta para a mexicana Irene Aldana. Ao tentar derrubar Aldana de forma ‘cantada’ e estabanada, a brasileira acabou finalizada. Os dois anos e meio que ficou fora do octógono pesaram contra Correia.

Jéssica salvou a noite. Os grandes nomes brasileiros decepcionaram