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27 July 2024
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Proprietários baixam preços de aluguel para manter inquilinos

O atual cenário econômico impactou diretamente o valor dos aluguéis. Os preços médios dos imóveis anunciados tiveram uma queda real de 12,88% entre abril de 2015 e abril de 2016 segundo o Índice FipeZap de Locação divulgado ontem. O número corresponde à queda dos preços nos últimos 12 meses, que foi de 4,8%, somada à inflação do período, de 9,28% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Na variação mensal, os preços de locação caíram 0,22% entre março e abril, sendo a 11ª queda nominal de preços nos últimos 12 meses, recorde de queda da série histórica do indicador, iniciada em 2009.

Ainda segundo o levantamento, o valor do preço médio anunciado para locação por m² em Salvador, no mês passado, ficou em R$ 21,09. Por conta da situação financeira, corretores apontam que o valor dos imóveis ofertados caiu em média 20%, e quase 80% dos inquilinos estão negociando com os locadores para evitar reajustes.

“Toda semana, falamos com os proprietários de imóveis desocupados para reduzir os valores dos aluguéis e ter ofertas mais atrativas. Entre os inquilinos, 80% entraram em contato conosco solicitando que não houvesse reajuste este ano”, aponta Fátima Cerqueira, corretora da Itaigara Imóveis. Segundo ela, os locatários costumam apresentar os preços praticados no mesmo prédio para evitar o acréscimo do valor e até para conseguir descontos.

“Entre os imóveis desocupados, a redução média é de 20%, mas pode chegar a 30%. Recentemente, alugamos por R$ 1.300 um imóvel no Imbuí que era alugado por R$ 1.600. Em Alphaville, o preço do aluguel que era R$ 5 mil chegou a ser reduzido para R$ 3.500”, conta Fátima.

Flexibilização

A flexibilização dos custos é a saída encontrada pelos clientes para que os imóveis não fiquem desocupados. “O raciocínio do proprietário é o seguinte: se o inquilino sair, serão três ou quatro meses com o imóvel desocupado, sem receber nada por ele e tendo que assumir os custos fixos de condomínio e IPTU. O melhor caminho é a negociação”, explica Neuza Marques, corretora da Nova Imobiliária.

A estratégia é utilizada pelos locadores tanto para manter os inquilinos ou alugar os imóveis mais rapidamente. “É um momento do mercado. Muitos inquilinos tiveram sua renda reduzida ou até perderam renda e precisam cortar gastos. Para os proprietários, vale a pena receber menos do que ter que desembolsar o condomínio do imóvel desocupado”, completa Neuza.

Outro movimento observado pela corretora é a procura por imóveis com custos menores, mesmo que isso implique mudança para outras regiões da cidade. “As pessoas estão saindo de bairros que têm custos tradicionalmente mais caros. Pessoas que pagavam R$ 3 mil em um aluguel no Itaigara ou Pituba estão optando por um imóvel por R$ 2 mil no Imbuí, por exemplo”. De acordo com ela,  quem não abre mão do bairro busca imóveis menores ou com taxa de condomínio mais barata.

Negociação

No início desse mês, a universitária Alana Liberato se mudou da casa dos pais para um apartamento alugado na Federação, que divide com os amigos João Bragança e Laila Vergne. A transação só foi possível após negociar o valor do aluguel com o proprietário do imóvel. “Estava procurando em vários sites um apartamento que fosse próximo à faculdade e que tivesse três quartos. O valor não poderia passar de R$ 1.500 já com todos os custos, pois teria que ser R$ 500 para cada”, conta.

O aluguel do imóvel anunciado era R$ 1.100, mas com os custos de condomínio, água, IPTU e gás, a despesa subia para mais de R$ 1.700. “Negociamos e conseguimos fechar pelo preço que buscávamos, com desconto de mais de R$ 230”. O aperto financeiro também foi sentido pela última moradora do apartamento, que trocou o imóvel por um no mesmo prédio, mas com dois quartos. “Por ser menor, estava sendo alugado por R$ 1 mil”, conta Alana.

O gestor governamental Eduardo Bandeira também sentiu que o momento não era próprio para reajustes. Ele está anunciando na internet o imóvel do pai, na Garibaldi, pelo mesmo valor pago pelo último inquilino. “Estamos pedindo R$ 2.500 por um imóvel que já alugamos por R$ 3.500. Não pensamos em aumentar porque queremos alugar rapidamente”.

Rentabilidade

Apesar da queda nos preços dos aluguéis, a rentabilidade do aluguel de imóveis é positiva. No mês de abril, segundo o Índice FipeZap, o rendimento médio do investimento foi de 4,6%, sendo que no mesmo período a poupança teve rendimento real negativo em 1,3%. A maior rentabilidade foi verificada na cidade de Santos, com 6,4%, seguida por Salvador, com 5,3%.

Cinco dicas para baratear o preço do aluguel

  1. Pesquisa Faça uma boa pesquisa e veja em quanto está a média do preço do aluguel na localidade onde mora ou pretende morar, levando em consideração imóveis equivalentes.
  2. Negociação  A partir deste levantamento, tente um diálogo com o proprietário mostrando que é melhor ele reduzir o preço  e manter um bom inquilino do que deixar o imóvel fechado.
  3. Aluguel em dia Evite atrasar o pagamento do aluguel. Tudo isso pode contar a favor na hora de barganhar um preço mais em conta.
  4. Localização  Prefira morar em regiões da cidade que estão com o valor do aluguel com um preço mais competitivo.
  5. Reforma  Se o imóvel necessita de pequenos reparos sugira ao proprietário fazer uma reforma em troca de um maior abatimento no aluguel.

Bairros com aluguel mais caro em Salvador

  • Caminho das Árvores – R$ 33,33 o m²
  • Ondina – R$ 33,33 o m²
  • Armação – R$ 31,25 o m²
  • Barra   – R$ 30,43 o m²
  • Alphaville   – R$ 28,17 o m²
  • Patamares  – R$ 26,32 o m²
  • Pituba  * R$ 23,62 o m²
  • Itaigara   – R$ 23,33 o m²
Por Juliana Montanha / Correio