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24 April 2024
Foto: Reprodução

Valor pago pela anuidade do cartão de crédito chega a R$ 1,2 mil; veja custos e benefícios

O cartão de crédito com a anuidade mais cara é o The Platinum Card, da Amex, no qual a anuidade alcançou a faixa de R$ 1,2 mil

É comum ouvir consumidores reclamarem que a fatura do cartão de crédito é maior que o valor das compras realizadas no mês. E as repetitivas queixas têm fundamento. Estudo da Proteste Associação de Consumidores indica que os custos com a anuidade do cartão de crédito podem somar até R$ 1,2 mil por ano. Um valor muitas vezes é dissolvido na fatura sem que o consumidor nem perceba. O levantamento mostra, ainda, que é possível economizar nos custos das tarifas administrativas do cartão, como por exemplo, na contratação de produtos, planos e serviços.

“É importante que o consumidor olhe além da taxa de juros e observe também os valores cobrados pelo custo total efetivo do cartão (CET), produtos como oferta de seguros anti-furto e Imposto sobre Operação de Crédito (IOF)”, explica a técnica da Proteste, Renata Pedro.

Ainda de acordo com a Proteste, o valor da economia vai depender de uma instituição financeira para outra (veja no infográfico). A pesquisa analisou 108 bandeiras de cartões de crédito, levando em consideração os valores que seriam praticados este ano.

Zilma Neves fica atenta não só aos juros, mas também às taxas administrativas do cartão de crédito (Foto: Marina Silva/Correio)

Zilma Neves fica atenta não só aos juros, mas também às taxas administrativas do cartão de crédito (Foto: Marina Silva/Correio)

O cartão de crédito com a anuidade mais cara é o The Platinum Card, da Amex, no qual a anuidade alcançou a faixa de R$ 1,2 mil. “É um cartão que só é possível adquiri-lo a partir de um convite feito pelo banco. O limite de despesa é flexível com o perfil de consumo, oferece sala vip no aeroporto, travel service além de programa recompensas e pontos que podem ser trocados por milhas, vantagens que encarem muito o valor da anuidade“, ressalta Renata Pedro.

Dos cartões avaliados, Hipercard e Santander Free foram os únicos que não cobravam anuidade, entretanto, o Hipercard tinha uma das maiores taxas de juros e o Santander cobrava uma taxa mensal de R$ 22,50 no mês em que o consumidor não realizasse nenhum tipo de compra.

“Mesmo com anuidade zero o Hipercard tem os juros rotativos mais altos do mercado, que chegam a 750% ao ano. Isso significa dizer que uma dívida de R$ 1 mil, em um ano pode crescer para R$ 7 mil”, exemplifica a técnica da Proteste. No caso do Santander, a anuidade é disfarçada. “É um cartão vendido como anuidade zero, mas que impõe ao consumidor realizar compras mensais”.

De olho na fatura

A assistente social Zilma Neves trocou recentemente o cartão Hipercard pelo Nubank – que também não cobra anuidade. No caso do Nubank, toda a operacionalização do cartão é feita por meio de um aplicativo de celular. “O Hipercard cobrava muito por tudo. Tive que pagar R$ 4 pela carta de cobrança que eles me enviaram quando atrasei o pagamento por 15 dias”.

Atenta aos custos que oneram o cartão de crédito, Zilma foge do rotativo e sempre se esforça para pagar o valor inteiro da fatura. “Isso foi um dos motivos que me fez trocar de cartão. O Nubank tinha juros mais baixos. A taxa não passa de 7,75% ao mês e fica bem abaixo da média do mercado”, compara ela.

O analista de Recursos Humanos, João Carlos Almeida também passou a ficar mais atento à fatura do cartão. Acompanhar as informações além da movimentação de gastos lhe rendeu uma economia de R$ 144 no ano, quando trocou a bandeira do cartão, que antes era platinum, pelo gold. “Li a fatura, comparei os valores e vi que não perderia nada. Muito pelo contrário, consegui economizar bastante. A mensalidade caiu de R$ 34 passei para R$ 21 com o mesmo limite de crédito”.

A adequação do cartão é essencial para quem quer reduzir custos, como aconselha a técnica da Proteste, Renata Pedro. “Fique atento aos serviços que estão sendo embutidos e se está pagando por uma coisa que efetivamente irá utilizar”, observa.

Juros

Apesar do fácil acesso, o consumidor deve ficar atento porque o Cartão é a linha de crédito mais cara da praça. Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o juro no rotativo do cartão de crédito subiu para 410,97% ao ano em janeiro – alta de 14,56% em relação a dezembro de 2015. Rotativo é o valor da fatura não paga pelo consumidor.

“Com o cenário de recessão econômica e o risco maior de endividamento mesmo com a taxa Selic inalterada, os bancos elevam suas taxas para compensarem os riscos de inadimplência”, explica o diretor da Anefac, Miguel de Oliveira.

A comerciante Márcia Araújo sentiu no bolso o peso dos juros. A fatura do cartão deste mês veio R$ 1,7 mil. Mas o dinheiro que tinha só deu para pagar R$ 1,3 mil. “Está complicado. O salário não está dando. Você acha que vai gastar uma coisa, quando vê está tudo mais caro e a conta não fecha”, afirma.

Antes que a dívida cresça, Márcia buscou logo uma renegociação com o cartão. “Vou pagar o acordo e fazer de tudo para não usar o cartão até saldar a dívida”.

O técnico de informática Luan Porto precisou fazer malabarismo para conter a bola de neve que a dívida com o cartão de crédito pode se tornar.  Ele gastou R$ 700 em maio do ano passado, mas como ficou desempregado, só conseguiu pagar o mínimo da fatura. “Tem cinco meses que não toco naquele cartão. Só consegui resolver agora em fevereiro, mas paguei quase o mesmo valor do que havia gastado só de juros”, calcula.

Para não ficar refém do cartão de crédito, o diretor da Anefac, Miguel de Oliveira, recomenda que o consumidor evite contrair novas dívidas. “Vai ser um ano difícil para as famílias. Se você perceber que não vai conseguir cobrir o valor integral da fatura, procure logo o seu banco e toma um empréstimo pessoal. As taxas são infinitamente mais reduzidas. É trocar uma dívida mais cara e que cresce rapidamente por uma linha de crédito mais barata”, recomenda.

Por Correio